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Polícia divulga detalhes da investigação sobre a morte de jornalista em NH

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Os delegados Ranolfo Vieira Júnior, responsável pela 3ªa Divisão Regional Metropolitana (DRM), e Rosane de Oliveira, titular da 2ª DP de Novo Hamburgo, concederam, na tarde desta segunda-feira (21/06) em São Leopoldo, uma entrevista coletiva à imprensa para relatar o andamento das investigações que apuram a morte da jornalista Beatriz Helena de Oliveira Rodrigues, 43. Em 13/06, ela foi encontrada carbonizada no automóvel Mégane do marido. Os restos do veículo foram localizados no bairro Roselândia, próximo ao Santuário das Mães, em Novo Hamburgo. O crime ocorreu no sábado (12/06), Dia dos Namorados.

De acordo com o delegado Ranolfo, o inquérito apurou, até este momento, que Sanfelice possuía um relacionamento extraconjugal há cerca de nove anos com uma mulher de 31 anos. Há notícias de que a jornalista também manteria um relacionamento fora do casamento com um empresário de meia-idade - que nega o envolvimento, mas admite amizade. Sanfelice teria contado à amante que desconfiava que a mulher o traía.

As investigações revelaram que o empresário contratou, uma semana antes do crime, um detetive particular para grampear os telefones da vítima e colocar duas escutas no apartamento, no celular e no escritório da jornalista. Sanfelice pagou R$ 2200 pelo serviço. O responsável pela colocação dos equipamentos procurou a polícia depois de tomar conhecimento de uma segunda pessoa encontrada carbonizada no interior de um automóvel na região- um homem, em Sapiranga. O detetive estava apavorado, temendo por sua vida.

O titular da 3ª DRM revelou, passo a passo, o que chamou de “cronologia do crime”. Às 8h15min, segundo a empregada do casal, Beatriz e Sanfelice tomam café e saem juntos para fazer compras em Dois Irmãos. Às 9h18min, a jornalista combina encontro com o possível amante. Logo em seguida, Beatriz diz que não poderá vê-lo porque Sanfelice teria sugerido que faria “uma grande surpresa” para ela.

Às 9h22min, a jornalista saca mil reais na agência bancária. Oito minutos depois, Sanfelice entrega a fita O Novato na locadora. Por volta de 9h40min, uma testemunha vê um automóvel em chamas. A Perícia comprovaria que as pegadas encontradas no local eram da testemunha. Às 11hs, a irmã de Beatriz vai ao apartamento do casal, e encontra Sanfelice chegando com uma roupa surrada. O empresário tomou um banho às 11h30min. De acordo com testemunho da empregada, Sanfelice já havia se banhado no início daquela manhã.

A polícia fez buscas no apartamento do casal, mas não localizou as roupas sujas de fuligem que poderiam comprovar o envolvimento do empresário no crime. Beatriz havia descoberto que Sanfelice tinha um caso extraconjugal há dois anos. Ela achou fotografias, bilhetes e 24 fitas de vídeo - gravadas pela empresário - nas quais o marido aparece mantendo relações sexuais não só com a amante mas, também, com outras mulheres. Seis policiais estão examinando este material que pode acrescentar novos elementos à investigação. Em uma das gravações, a amante aparenta estar dopada e, com efeito, a polícia localizou no apartamento do empresário o medicamento Ormonid – um tranqüilizante para dormir que tem efeitos amnésicos.

Conforme a amante, Sanfelice teria afirmado, em janeiro ou fevereiro, que estava pensando em colocar fogo em seu carro, já que não estava conseguindo vender o veículo. Para o delegado Ranolfo Vieira, vários indícios corroboram a tese de crime premeditado. Conforme a Renault, montadora do Mégane carbonizado, não é possível retirar combustível do automóvel por sucção. Portanto, segundo o delegado, um galão com uma substância inflamável deve ter sido levado ao local. Na cena do crime, havia dois pedaços de varas de eucalipto, que devem ter sido utilizados como grandes palitos de fósforo. A intenção do assassino era não se queimar ou sujar-se com a fuligem. O fato de o foco do incêndio ter sido o corpo da vítima também reforçaria a tese de crime passional e não contra o patrimônio. Nada no veículo foi roubado.

A polícia informou que no domingo (13/06), às 9h03min, o empresário fez contato com um corretor de seguros dizendo que o carro havia sido roubado. Foi constatada a existência de uma apólice em nome de Beatriz - com data de 5 de fevereiro de 2004, no valor de R$ 350mil - na qual o esposo era o beneficiário. Também foi mencionado pela polícia que Sanfelice pertencia a uma organização ou seita que prega a doutrina de que o mais importante é o dinheiro.

Segundo o delegado Ranolfo, a morte do homem encontrado carbonizado em Sapiranga ainda não está vinculada à de Beatriz por falta de identificação da segunda vítima. A polícia aguarda o resultado do exame de DNA, que deverá sair na sexta-feira (25/06). “O laudo é indispensável para assegurar ou descartar a relação entre um fato e outro”, afirmou Ranolfo.























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