Vice-governador prestigia inauguração de projeto de mão de obra prisional em Pelotas
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O projeto aplica o aproveitamento da mão de obra prisional em benefício do poder público e como instrumento de ressocialização. A cada três dias de trabalho, os sete presos – que irão atuar de segunda-feira à sexta-feira, das 8h às 17h – reduzirão um dia de suas penas. "Criamos a Secretaria de Administração Penitenciária com objetivo principal de ampliar o número de vagas. Mas não adianta criar por criar. É essencial abrir vagas qualificadas, que permitam devolver à sociedade cidadãos melhores. Esse projeto de Pelotas se alinha perfeitamente com nosso propósito", afirmou Ranolfo.

A estrutura vai produzir cerca de 200 blocos de concreto por dia, além de tubos para canalização. Os materiais serão utilizados em obras da cidade, reformas no presídio e na construção do Centro de Reintegração Social vinculado à Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac). O galpão da fábrica foi erguido pelos próprios presos após produzirem 5 mil blocos de concreto durante a fase de preparação do projeto. Em uma parede lateral, foram pintadas palavras como "presídio", "participação", "perdão", "profissão" e "paz", que trazem na primeira letra a inspiração para o nome da fábrica: Artecon P.
"Este projeto simboliza um farol para a grande transformação que sonhamos: fincar no nosso território a bandeira da paz. A Artecon P é exemplo de que é possível fazer a diferença, mudar vidas e lutar por uma sociedade melhor. Essas pessoas têm direito a uma segunda chance, e o que nós estamos fazendo é abrir portas para que elas sejam acolhidas e possam recomeçar”, assinalou a prefeita Paula, que entregou certidões de honra aos presos operários.
"A esperança estava meio longe para nós, e agora a temos. Graças a essas pessoas que acreditaram em nós, com oportunidade e confiança. Toda a esperança que deram para mim, vou passar para meus irmãos aqui. Ao sair, pretendo fazer faculdade e continuar colaborando com eles", agradeceu o detento Jaques da Silva, líder do grupo e que ajudou a recuperar a maioria do maquinário de trabalho.

Criada dentro do programa Pacto Pelotas pela Paz, a fábrica é uma iniciativa intersetorial que envolveu diversos órgãos municipais, contou com apoio da iniciativa privada e foi realizada em parceria com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e a Universidade Católica de Pelotas (UCPel). O secretário interino de Saúde e idealizador do Mão de Obra Prisional (MOP) no município, Leandro Thurow, foi homenageado pela prefeita com placa de reconhecimento, assim como Olavo Rocha, empresário que doou uma das máquinas fundamentais para a fábrica.
Durante a solenidade, a prefeita e o reitor da UCPel, José Carlos Bachettini Júnior, assinaram termo de cooperação para aprimorar a técnica da mão de obra dos apenados. A universidade é parceira da iniciativa, realizando testes de resistência e estudos de traço dos materiais. O superintendente da Susepe, Mario Santa Maria Júnior, destacou que a Artecon P é um exemplo fantástico da ressocialização como maior propósito do sistema penal: "A grande mensagem é que é possível identificar as pessoas que estão dispostas a reabilitação para uma nova vida".
Juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC) da Comarca de Pelotas, Marcelo Malizia Cabral afirmou que a inauguração da Artecon P traduz a preocupação do Estado em tornar o ser humano que acabou preso mais digno para retornar à sociedade. "Se há um motivo para termos aqui (em Pelotas) 1.100 pessoas encarceradas, é para torná-las melhores", disse o magistrado.
"A sociedade muitas vezes tem o conceito equivocado de que preso tem que sofrer, e esquece, ou finge não saber, que não temos prisão perpétua, e que esse detento vai voltar para o convívio social ainda pior. É por isso que temos um eixo para revitalização do sistema prisional em nosso programa estadual. Com certeza, vou levar o exemplo da Artecon P para o RS Seguro", acrescentou o vice-governador.


Mais cedo, o programa transversal e estruturante para Segurança Pública foi apresentado por Ranolfo a empresários da região, durante reunião-almoço na Associação Comercial de Pelotas. A prefeita Paula, que também esteve no evento, elogiou a iniciativa por sua amplitude com os quatro eixos de ação – combate à criminalidade, prevenção focada em melhorias educacionais e sociais, aprimoramento do acesso aos serviços de segurança e revitalização do sistema prisional. "Sempre que ouço falar no RS Seguro fico encantada e muito feliz em ver que Pelotas se alinha nessa estratégia. Estamos muito satisfeitos e tranquilos por trilharmos um caminho para trazer mais paz e prosperidade ao Estado", comentou a chefe do Executivo municipal.

Finalizando sua visita a Pelotas, no fim da tarde, o vice-governador ainda participou de reunião com prefeitos na sede da Associação dos Municípios da Zona Sul (AZONASUL). Durante o encontro, foi apresentado estudo realizado pelo Programa de Pós-graduação em Política Social e Direitos Humanos da UCPel, com mapeamento de estruturas e demandas dos municípios em relação à Segurança Pública na região Sul do Estado. Ao final, Ranolfo apresentou informações sobre o planejamento para distribuição dos cerca de 2 mil concursados da Brigada Militar e 400 da Polícia Civil que estão em treinamento e devem ingressar nas corporações em agosto.