Do RS, Polícia Civil combate esquema de lavagem de dinheiro com atuação em mais 22 estados
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A Polícia Civil deflagrou nesta quarta-feira (7/6) a 4ª fase da Operação Fim da Linha - Do Oiapoque ao Chuí – com objetivo de desarticular organizações criminosas dedicadas à lavagem de dinheiro com ramificações no Rio Grande do Sul e em mais 22 estados do país. A ação foi coordenada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo e reuniu 1,3 mil policiais.
Ao todo, foram cumpridas 925 ordens judiciais, sendo 403 mandados de busca e apreensão, quatro prisões preventivas, busca e apreensão de 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. As buscas foram realizadas em 113 municípios em 23 estados. Os bens apreendidos estão avaliados em aproximadamente R$ 43 milhões. Até o fim desta manhã, foram apreendidos mais de R$ 1 milhão em espécie, veículos, armas e drogas. O dinheiro era lavado com valores oriundos do tráfico de drogas, venda de armas e contrabando de cigarros.
Em Passo Fundo, o secretário da Segurança Pública, Sandro Caron, destacou o trabalho realizado pela Polícia Civil gaúcha de combate ao crime organizado no Estado, com impacto de Sul a Norte do país. "A investigação da nossa Polícia conseguiu identificar uma grande rede de lavagem de dinheiro do crime organizado no Brasil e desarticulou uma quadrilha que movimentou volumosas quantias em dinheiro. O crime pode estar organizado, mas a Segurança Pública está ainda mais organizada e integrada com as demais forças policiais para coibir ações criminosas", destaca Caron.
O secretário também reiterou a importância de estender as investigações para identificar a atuação criminosa em outros estados. "O crime organizado é, no mínimo, um fenômeno nacional. Investigações como a Operação Fim da Linha exemplificam que o poder público precisa atuar de forma integrada para combater as atividades criminosas em todo o país”, reforça.
O chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, enfatizou a qualidade da investigação da Polícia gaúcha na identificação da estrutura criminosa. "A partir da investigação iniciada na Draco de Passo Fundo rastreamos o alcance dessa atividade criminosa que se dedicava a lavar dinheiro ilícito. Hoje estamos realizando ações em 30 municípios gaúchos, além de equipes da Polícia Civil gaúcha em outros dez estados", ressalta.
Segundo o delegado Diogo Ferreira, titular da Draco em Passo Fundo, no decorrer das investigações da Operação Fim da Linha, diversas ramificações desta organização criminosa foram identificadas. "Pudemos comprovar que muitos criminosos comandavam o comércio ilícito de drogas de dentro do sistema prisional, com vinculação, num primeiro momento, a três das facções criminosas do país: uma delas atuante no RS, outras duas no RJ e em SP", explica.
A ação contou com o apoio logístico e operacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, através do Projeto M.O.S.A.I.C.O., viabilizando o trabalho integrado entre as Polícias Civis de 23 unidades federativas (RS, SC, PR, MS, MT, RO, AC, MG, SP, DF, RJ, RR, ES, CE, RN, BA, GO, PA, AM, MA, AP, TO, PI) no enfrentamento a essas organizações criminosas.
Histórico da Operação
As investigações iniciaram em 2021, visando desarticular uma organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas, contrabando de cigarros e armas em diversas regiões do Rio Grande do Sul.
Somando as três fases anteriores, 65 prisões foram realizadas, resultando na apreensão de mais de 720 quilos de maconha e 26 quilos de cocaína, além da apreensão de dezenas de veículos e bloqueios de contas bancárias. Diversos investigados permanecem presos desde a primeira fase da operação.
No decorrer da apuração, foi verificada a existência de “laranjas” responsáveis por fornecer contas bancárias para o recebimento e repasse dos valores originados do tráfico. A célula da organização em Passo Fundo está vinculada a outros dois grupos criminosos, um com atuação no RS. Duas empresas fantasmas movimentaram juntas, em poucos meses, mais de R$ 120 milhões.
Entre janeiro e setembro de 2021, conforme as quebras dos sigilos bancários dos alvos, foi identificada a movimentação de mais de R$ 293 mil. Ao todo foram verificadas mais de R$ 2 bilhões em movimentações suspeitas.
Texto: Lurdinha Matos / Ascom SSP
Edição: Lucas Rivas / Ascom SSP