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Carta de mãe com filho autista emociona guarda-vidas do CBMRS

Texto de Isabel Ferrari, mãe do Pedrinho, foi transformado em vídeo pela Comunicação da SSP para homenagear os profissionais

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Mãe, filho e pai, sentados lado a lado, junto do comandante do CBMRS. O casal sorrindo olha para o menino. Ao fundo, um bombeiro e uma bombeira estão em pé olhando para frente.
Pedrinho ganhou uniforme e boné dos guarda-vidas Mirim - Foto: Rodrigo Ziebell / SSP
Por Carlos Ismael Moreira

Nada deixa os profissionais da Segurança Pública mais felizes do que o reconhecimento por parte dos cidadãos. E foi com um gesto simples que uma mãe de um menino autista encheu de orgulho o coração de todos os servidores do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMRS). A jornalista Isabel Ferrari, mãe do Pedro, que tem nove anos, escreveu uma carta de agradecimento pelo trabalho dos guarda-vidas para a proteção dos banhistas no Litoral gaúcho.

Pedrinho adora o mar, e Isabel decidiu colocar no papel o sentimento de gratidão por poder contar com a presença vigilante dos guarda-vidas sempre que leva o filho à praia. Para fazer com que a mensagem chegasse aos profissionais, a jornalista enviou a carta para a coordenadora de Comunicação da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Zete Padilha, que levou o texto ao comandante-geral do CBMRS, coronel César Bonfanti.

“Expliquei para o Pedrinho que a gente só pode entrar na água sempre perto da guarita. Disse que fora dali tem um perigo grande de o mar levar a criança embora, e que a mamãe ia ficar muito triste. Para uma criança com autismo, essas imagens facilitam a compreensão, e ele entendeu na hora. Para mim não foi nenhum esforço, foi só um texto, uma homenagem mesmo que achei importante fazer aos guarda-vidas, que estão sempre ali me ajudando a ficar de olho, mesmo sem nos conhecer. Nesse tempo em que estamos tão carentes de bondade, em que às vezes esquecemos de dizer para as pessoas quanto elas nos fazem bem, achei importante registrar essa gratidão pelo trabalho deles”, conta Isabel.

Menino e comandante-geral do CBMRS se cumprimentam com batida de punhos. Mãe, ao lado da criança, e o pai, atrás, sorriem. Ao lado, subcomandante-geral do CBMRS estende a mão para cumprimentá-los. Outras pessoas entram pela porta ao fundo.
Isabel, Pedrinho e Joel foram recebidos pelo comandante-geral e pelo subcomandante-geral do CBMRS - Foto: Rodrigo Ziebell / SSP

As palavras carregadas de amor e carinho emocionaram tanto que a equipe da Comunicação da SSP transformou o relato de Isabel em vídeo. As imagens foram gravadas em Tramandaí. Letícia e Miguel, a esposa e o filho do soldado Rodrigo Ziebell, fotógrafo da SSP, representaram Isabel e Pedrinho para a surpresa, que foi revelada aos dois nesta quinta-feira (20), na sede do comando do CBMRS, na Capital.

Visão frontal de um caminhão dos bombeiros. Através do parabrisa, se vê o pai, o menino e mãe dentro da cabine do caminhão.
Pedrinho aproveitou a visita ao QG do CBMRS para dar uma voltinha em um caminhão dos Bombeiros - Foto: Rodrigo Ziebell / SSP

Pedrinho e Isabel assistiram ao vídeo no gabinete do comandante-geral. O pai do menino, Carlos Joel Santos, que acompanhou a visita, não conseguiu segurar as lágrimas. “Ficou muito lindo!”, agradeceu a mãe. O comandante-geral destacou a generosidade do gesto de Isabel e a alegria em poder transmitir essa mensagem aos servidores da corporação. “O trabalho dos guarda-vidas é bastante árduo e exigente, mas, em geral, só é valorizado nas situações de emergência. Por isso, é uma grande satisfação receber esse agradecimento espontâneo, que com certeza tocou o coração de todos os nossos bombeiros”, afirmou Bonfanti.

No passeio pelo quartel do CBMRS, Isabel, Joel e Pedrinho ainda puderam conhecer as instalações e dar uma volta em um caminhão de combate à incêndio. De quebra, Pedrinho voltou para casa com uniforme de guarda-vidas mirim. Agora, ele também vai representar a vigilância desses “anjos do mar”, como definiu Isabel.

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Mãe com filho autista escreve carta para os Guarda-vidas gaúchos

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Confira na íntegra a carta escrita pela jornalista.

Banho de mar

Por Isabel Ferrari

Nestes dias de verão, calor e céu azul... tenho amigos invisíveis.

Todos os dias que levo meu filho pra brincar no mar do litoral, sei que tenho companheiros fiéis.

Eles não me conhecem pelo nome nem meu filho.

Não sei se eles têm família, provavelmente muitos têm filhos, esposa, mãe.

São tios, padrinhos e sabem bem o que um filho vale pra gente.

Um filho, pra qualquer mãe, vale tudo. Ou muito mais, queremos que sejam felizes, alegres e livres.

Ouso a dizer que a maior alegria pro meu filho é tomar banho de mar.

É na água que ele pode andar livre, brincar como todas as crianças e mostrar que ele consegue.

Consegue nadar, mergulhar... tem habilidades.

Pra uma criança autista, isso é fortalecedor e muito importante.

Quem entende que é capaz desenvolve a autoestima e vai mais longe.   

Mas uma criança autista não consegue avaliar muito bem o perigo.

E como explicar que aquele banho e aquela água quentinha podem oferecer risco?

Tentei de tudo... até que cheguei a uma frase bem clara e direta:

— O mar leva a criança embora, e ela nunca mais vê o papai e a mamãe. E a mamãe vai chorar muito!

Ensinei a ele que, perto das casinhas vermelhas, eu tenho um amigo que me ajuda a cuidar dele.

São meus "amigos" que compartilham comigo a responsabilidade de supervisionar uma brincadeira... que dura, no mínimo, uma hora e meia por dia!

Eles não sabem, mas eu e eles somos uma equipe naquele momento.

Nesse fim de semana, durante nosso banho de mar, fiquei pensando nisso.

Queria passar em todas as guaritas, levar uma rosa, me apresentar e agradecer!

Acho que iriam achar que sou maluca. Então, resolvi escrever (porque é o que eu sei fazer, kkk).

Quer coisa mais bonita do que, em tempos de pessoas egoístas e que só olham pra si, existir gente que só presta atenção nos outros?

Ficam ali, anonimamente cuidando dos nossos filhos, dos nossos pais e avós.

Zelando por nossos afetos! Observando nossos movimentos sem alarde... abnegadamente... até a hora necessária!

Em tempos de grana apertada e salário parcelado, esses homens estão dispostos a se jogar na água pra salvar nossas vidas!

Mas são discretos, silenciosos. Nunca vi um cara desses fazendo selfie ou postando nas redes sociais que tá pronto pra nos cuidar.

Um salva-vidas tá pronto pra pular na água, a qualquer momento, com um boia na mão e um coração grande.

Assim, podem ajudar a impedir que um filho, um pai, um amigo querido saia de casa e não volte mais! 

Pedrinho tem nove anos e ainda não consegue conversar com outros meninos.

Mas a água sempre o acolhe, abraça seus sonhos de criança, que quer apenas achar um jeito de brincar.

Eu fico dentro d'água o tempo inteiro com ele.

Me divirto junto e criei mil estratégias pra driblar o perigo.

Levo o guri de camiseta pra ter mais um ponto pra puxar ele pra perto.

Incentivo a esperar a onda pra pegar jacaré em direção à praia.

Tudo pra deixá-lo livre e, ao mesmo tempo, seguro.

Quero que ele tenha autonomia, que é uma conquista difícil pra todas as famílias de crianças autistas.

Por isso, estou sempre vigiando de perto, não me afasto nenhum metro... mas deixo ele entender que é possível ser feliz ali.

Se tudo der certo no mar, vai dar certo também em terra firme.

Somado aos meus  olhos atentos, sei que tenho uma amigo invisível... lá na guarita.

Cuidando de nós! Da nossa grande conquista de conseguir brincar juntos (fora d´água, é bem mais difícil interagir)!

Obrigada em nome de todas as mães. Vocês são nossos grandes parceiros.

Nossos anjos do mar!

Secretaria da Segurança Pública