Cães do CBMRS localizam ossada enterrada dentro de uma casa
A suspeita é de que o corpo seja de um homem morto pela companheira há quatro anos
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Há 17 anos, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul conta com o apoio de cães farejadores para a localização de vítimas. O binômio, como é chamada a dupla de adestrador e cão, potencializa os sentidos um do outro durante as buscas. Mas mesmo acostumados com o olfato apurado dos cachorros, nesta quinta-feira (12/11), os agentes de segurança ficaram impressionados com uma descoberta. Três cães localizaram, sob o grosso piso de concreto de uma casa, o corpo de um homem, provavelmente enterrado há quatro anos.
A ação integrada entre Polícia Civil e Brigada Militar cumpria mandado de busca e apreensão em uma residência na cidade de Arroio do Sal. A moradora era suspeita de ocultação de cadáver. Sem localizar vestígios, os policiais solicitaram o auxílio dos cães farejadores da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS) do Corpo de Bombeiros. Assim que Guria, Luna e Bonno – dois labradores e um belga de malinois – entraram na residência, sinalizaram um ponto, no meio da sala de estar. Usando ferramentas, os policiais quebraram várias camadas de concreto e localizaram, exatamente no local indicado pelos cães, uma ossada.

Segundo a Delegacia de Arroio do Sal, a suspeita é de que os restos mortais sejam de um homem, desaparecido em 2016. A moradora da residência, uma mulher de 59 anos, foi presa em flagrante por ocultação de cadáver. A vítima seria seu ex-companheiro. A ossada foi enviada para o Instituto-Geral de Perícias, que buscará confirmar a identificação.
Treinamento especializado em buscas de vítimas e restos mortais
Segundo o Capitão Gustavo Lock, Comandante da CEBS, o serviço de busca com cães, fundado no CBMRS em 15 de julho de 2003, é fundamental em ações que envolvam pessoas desaparecidas, devido a capacidade olfativa muito superior a do homem. Os cachorros são capazes de localizar vítimas desacordadas, soterradas ou perdidas em matas, sem a necessidade de luz para visualização.
Uma das características fundamentais para a formação de um cão de resgate é que o animal goste de brincar, pois o treinamento decorre da recompensa e do carinho ofertado pelo seu tutor, principalmente após sua conduta assertiva frente ao objetivo traçado.
Bonno, o labrador chocolate que participou da operação que encontrou a ossada em Arroio do Sal, nem sempre foi um cão de resgate. Quando filhote, era um animal doméstico que não se adaptou a uma vida tranquila de passeios diários. Após muitos sofás e calçados destruídos, Bonno foi descoberto pelo seu atual tutor, o sargento Gerson, do CEBS. Vendo potencial no cão, o militar passou a treiná-lo, até que Bonno foi integrado à equipe da Companhia.
Há mais de seis anos com seu tutor, Bonno se adaptou bem à rotina de treinamentos e brincadeiras. Em 2019, após a tragédia em Brumadinho (MG), Bonno e Gerson passaram 26 dias na cidade mineira, no intenso trabalho de busca de vítimas em meio aos rejeitos minerais.
Hoje, quando Bonno entrou na residência e mostrou a agitação que Gerson já conhece, o militar não teve dúvidas de que ele encontrara algo importante. “Sabíamos que encontrar um indício seria muito importante para o andamento das investigações. No momento que Bonno entrou no cômodo e começou a latir, sabíamos que era o caminho certo. Tanto que, quando começamos a cavar, a ansiedade do cão aumentou, até que, na área anexa, encontramos a ossada”, lembra o sargento.
Entre as ocorrências com atuação do canil da CEBS, essa foi a que vítima estava desaparecida a mais tempo.
texto: Ascom SSP e CBMRS