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Dados sobre Local de Crime ajudam a compreender suicídios

Levantamento feito pelo IGP reúne dados que ajudam profissionais da segurança pública a prevenir o fenômeno

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No mês de prevenção ao suicídio, dados do IGP ajudam na prevenção
No mês de prevenção ao suicídio, dados do IGP ajudam na prevenção - Foto: Divulgação IGP
Por ASCOM/IGP

Assunto delicado, o suicídio faz parte do trabalho dos peritos criminais do IGP. Seja nos atendimentos em local de crime ou no trabalho dos médicos legistas, apontar a dinâmica desse tipo de acontecimento é uma das missões desses profissionais. O olho treinado dos peritos para os vestígios materiais, como a posição do corpo ou a presença de objetos na cena, ajuda a identificar o suicida. Em outras vezes, os chamados vestígios psíquicos, como bilhetes de despedida, por exemplo, também definem o contexto. Tudo isso é fundamental para ajudar a autoridade policial a discernir entre um homicídio e um suicídio.

Mas a atuação do IGP vai além de fornecer os elementos técnicos e científicos que constam nos Laudos periciais. A experiência com esse tipo de entendimento pode auxiliar o trabalho da segurança pública e até na implantação de ações preventivas. Uma delas é a elaboração de uma cartilha que traz orientações para os diversos agentes que tratam dessa questão: segurança, saúde, educação, assistência social e Conselho Tutelar (a cartilha está disponível para todos e pode ser acessada em https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20190837/26173730-guia-intersetorial-de-prevencao-do-comportamento-suicida-em-criancas-e-adolescentes-2019.pdf). O trabalho faz parte do Comitê Gaúcho de Prevenção ao Suicídio, coordenado pela Secretaria Estadual de Saúde, do qual o IGP faz parte. “O profissional da Segurança Pública deve assumir a função de mediador e não de repressor. A capacidade de manter-se calmo e a habilidade na mediação podem contribuir para um desfecho positivo da situação” explica o perito criminal Ânderson Morales, responsável pela elaboração do capítulo destinado aos profissionais da segurança. A publicação traz dicas simples, porém importantes, como evitar movimentos bruscos, falar sempre no tempo presente e não agir sozinho. Quando não é possível evitar a morte, a atenção se volta para as pessoas mais próximas ao suicida, encaminhando-as para órgãos de assistência social ou de saúde. Além de ajudar a superar a perda, esse tipo de intervenção pode evitar mais suicídios, visto que os familiares também passam a integrar o grupo de risco. 

DADOS – a experiência de oito anos em locais de crime permitiu ao perito Morales recolher informações que podem contribuir para entender o suicídio enquanto problema de saúde pública. Os dados de 2016 e 2017 revelaram 251 casos em Porto Alegre e Região Metropolitana (Alvorada, Cachoeirinha, Canoas, Esteio, Gravataí, Sapucaia do Sul e Viamão). No levantamento também constam o sexo, faixa etária, método utilizado e até os dias da semana com maior número de ocorrências. Nestes dois anos, os homens responderam por 80% dos casos.

Experiência em locais de crime ajudou perito Morales a elaborar cartilha
Experiência em locais de crime ajudou perito Morales a elaborar cartilha - Foto: Divulgação IGP
Outro apontamento relevante é quanto ao uso de substâncias lícitas e ilícitas. Entre os homens, o álcool, sozinho ou consumido junto com outras drogas e medicações, foi detectado em 33% dos casos, o que reforça a necessidade de campanhas voltadas aos jovens para evitar o consumo. “Por ser o órgão que atende a todas as ocorrências temos dados fidedignos que nos ajudam a entender o que rodeia essa decisão. Os dados brutos podem servir ainda para futuros estudos sobre o tema”, acredita Morales. No dia 1o de Outubro, um seminário internacional, organizado pelo Ministério Público em Porto Alegre vai abordar a prevenção do suicídio na Segurança Pública. 

Confira as dicas:

Como identificar situações de risco de suicídio:

•Uma pessoa com comportamento suicida dá sinais de seu sofrimento de diversas formas, demonstrando tristeza, depressão, desesperança, desamparo, desespero e agressividade;

•Histórico de ocorrências policiais, às vezes como vítima, outras como autor(a), podem ser fatores de risco para suicídio.

Como agir em casos de tentativa de suicídio:

•Aja com segurança e cautela: a aproximação cautelosa relaxa as defesas da pessoa; a aproximação rápida e brusca pode assustá-la;

•É fundamental criar um clima de confiança com a pessoa em crise;

•Quanto mais tempo conseguir ganhar, maiores serão as chances de a pessoa desistir;

•Se for necessário conter uma pessoa sob efeito de álcool ou outras drogas, redobre a atenção;

•Encaminhar as pessoas em situação de sofrimento psicológico para um profissional de saúde;

•Caso a pessoa não aceite, oriente os familiares ou vizinhos, fornecendo endereços e/ou telefones dos serviços de saúde do município.

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